terça-feira, 25 de julho de 2017

CRISE DE 1929: VISÃO GERAL DAS CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E POLÍTICAS ANTI-CRISE

Grande-Depressão
O modelo de mercado e de consumo exagerado norte-americano foi responsável por desencadear uma profunda crise econômica no mundo capitalista. A Grande Depressão foi um longo período de deficiência econômica caracterizado por altas taxas de desemprego, falência em massa da indústria e dos bancos e pela disseminação da miséria. O proletariado norte-americano se viu desempregado e sem abrigo.
Este trabalho tem por objetivo, descrever os principais fatores que levaram a crise de 1929, suas consequências e quais políticas foram adotadas para mudar o cenário econômico. A metodologia aplicada foi a Textual Descritiva.
No primeiro tópico, será encontrada uma breve explanação sobre a crise do padrão-ouro, influenciada pela I Guerra Mundial; no segundo tópico, há uma descrição dos anos 1920 nos EUA; já no terceiro tópico, se vê uma descrição do crack da bolsa de valores de Nova Iorque; por sua vez, o quarto tópico descreve os efeitos da quebra da bolsa, a Grande Depressão; e, finalmente, o quinto, e último tópico, discorre sobre o New Deal. Política anti-crise adotada pelo presidente democrata estadunidense Franklin Delano Roosevelt, baseado na teoria econômica de Keynes.

O Padrão-Ouro

Durante a I Guerra Mundial, a Inglaterra se viu forçada a desvalorizar o padrão-ouro, visando obter maior competitividade no comércio internacional, a fim de captar recursos para financiar a guerra. Esta manobra arruinou a credibilidade da Inglaterra diante das nações que deixavam seu ouro em troca de papel-moeda para realizar suas transações comerciais. Tais nações passaram a buscar uma nova forma de negociar seus papéis no mercado internacional. Fenômeno que foi um dos fatores que permitiram a ascensão do dólar como moeda forte.

Consumo Norte-Americano

Ao longo da I Guerra Mundial, a economia norte-americana cresceu em ritmo frenético, devido a venda de armamento, máquinas e mantimentos aos países aliados europeus. Findada a guerra, o cenário permaneceu o mesmo, com grande exportação de máquinas e alimentos para os países europeus devastados. A reestruturação da Europa fez com que mantivessem as importações elevadas, principalmente comprando dos EUA.
Nos anos 1920, a economia norte-americana também foi puxada pelo mercado interno de bens de consumo. A produção de automóveis representou grande parcela dos postos de trabalho e promoveu a produção de petróleo, aço, borracha e a construção de estradas, assegurando elevado ritmo produtivo. Os Estados Unidos, excetuando-se os anos de 1920-22, cresceram continuamente na década de 1920 até 1929 (REZENDE, 2008, p. 202). O desemprego ficava na casa dos 2% e os EUA viviam tempos de opulência.
Com o fim da década de 1920 se aproximando, os países europeus já apresentavam significativa recuperação econômica e seus níveis produtivos se equiparavam aos níveis pré-guerra, ocasionando uma redução expressiva das importações. O que ocasionou relativa desaceleração da produção estadunidense. Soma-se a isso, a redução do consumo interno devido a saturação do mercado com a superprodução de bens de consumo e agrícola.
Porém, na contramão do que demonstrava o mercado, em 1928, o comportamento da bolsa de Nova Iorque foi de grande oferta de papéis, crescendo apenas por especulação. Os investimentos em papéis não eram mais feitos baseados no crescimento da produção, mas sim, em projeções futuras meramente baseadas nos precedentes. As cotações de papéis, principalmente dos fabricantes de automóveis, davam saldos, em detrimento de um crescimento gradativo e fundamentado. Havia euforia no mercado de valores mobiliários e a ideia de enriquecimento rápido se mostrava atrativa ao estadunidense.
Em 1929, os sinais precursores da baixa na bolsa já se manifestavam e as ações se mantinham apenas pelo tempo em que seus proprietários pudessem mantê-las na alta.

A Crise

Em 24 de outubro de 1929, data conhecida como Quinta-Feira Negra, houve uma grande quantidade de acionistas tentando vender seus papéis na Bolsa de Nova Iorque, mas não encontravam a quem vender, ocasionando forte queda nos preços das ações. Entende-se que “o crack da Bolsa de Valores foi resultado de uma década de desenvolvimento econômico, onde as curvas da oferta e da demanda se afastavam cada vez mais, tentando ser aproximadas por vultosos financiamentos ao consumo” (REZENDE, 2008, p. 208). Mesmo com intervenção dos bancos, a bolsa voltou a cair na segunda-feira, 28. A tendência se manteve na terça-feira, 29, dia em que aproximadamente 15 bilhões de dólares viraram pó, ocasionando o crack da bolsa. Este foi o início da Grande Depressão, que castigou os Estados Unidos e, consequentemente o mundo capitalista, pelos próximos anos.

A Grande Depressão

Desemprego e miséria se propagaram pelos EUA. O corte de gastos com medidas consideradas supérfluas, principalmente programas sociais, pelo governo, e o fechamento de indústrias e bancos criaram um cenário de desespero. Muitos dos acionistas, especuladores e empresários cometeram suicídio, por perder tudo o que tinham. Rezende descreve como sendo as principais consequências imediatas: falências, desemprego, declínio de salários, declínios nos preços dos produtos (deflação), pobreza que gera subalimentação, construção de favelas ao redor dos centros industriais, agitação social, recuo da produção, do comércio e das finanças em nível mundial (REZENDE, 2008, p. 209 – 210). Os níveis de produção caíram para próximo da metade. Era comum que massas de trabalhadores vagassem de cidade em cidade, em trens de carga, em busca de trabalhos que pagavam pouco ou, até mesmo, apenas uma refeição. Favelas formadas por desempregados sem-teto se espalharam pelos EUA. As Hoovervilles (como ficaram conhecidas as favelas), uma sátira com o nome do então presidente norte-americano Hebert Hoover, ao qual os cidadãos atribuíam a culpa pela crise, eram caracterizadas por condições precárias de higiene, saúde e segurança.
Hebert Hoover, presidente republicano, adotou uma política econômica protecionista, acreditando na recuperação da economia pelas forças de auto-regulação do mercado. A lei tarifária Smoot-Hawley foi aplicada. Como consequência, o comércio mundial, entre 1929 e 1934, caiu para dois terços (PARKER, 2009, p.194 e 195). Tal atitude contribuiu para a piora do cenário interno. Em 1930, um quarto da força de trabalho dos EUA estava desempregada, totalizando quinze milhões de pessoas (SCIRICA, 2009 p.171).

Política Anti-Crise

Apenas com as eleições norte-americanas de 1933, e com a vitória do democrata Franklin Delano Roosevelt, políticas anti-crise foram iniciadas. O plano econômico New Deal foi implementado, permitindo larga intervenção do Estado na economia, visando superar a crise de 1929, implicando no fim, mesmo que temporário, do capitalismo liberal (REZENDE, 2008, p.212).
New Deal se baseava na teoria proposta pelo economista inglês John Maynard Keynes, que reformulava a política de livre mercado e via o Estado como agente indispensável controlador da  economia, o que era entendido quase como heresia pelos liberais norte-americanos. Ao Estado, era atribuído direito e dever de criar benefícios sociais como salário mínimo, seguro-desemprego, redução da jornada de trabalho e aposentadoria, para garantir condições mínimas para o Estado de Bem-Estar Social, dessa forma, os indivíduos podiam reverter esse valor gasto pelo governo, que seria gasto suprindo necessidades básicas, em consumo (FRIEDEN, 2008, p. 210).
O governo, agora, podia controlar os preços e o entesouramento de estoques. Foi realizado pesado investimento em obras públicas de infraestrutura, como a construção de estradas, aeroportos, pontes, ferrovias, etc, estimulando mercados como petróleo e aço, que, junto com a redução da jornada de trabalho de doze para oito horas, diminuiu significativamente o desemprego. Também foi aplicada uma nova política fiscal, o que permitiu a sobrevivência de Wall Street. No início da década de 1940 a economia dos EUA já se via como normalizada. Porém, a Grande Depressão só teve seu desfecho real com o advento da II Grande Guerra.

Conclusão

A I Guerra Mundial e, consequentemente, a queda do padrão-ouro tiveram forte influência no desenvolvimento do ambiente que viria a ser a ascensão da economia estadunidense. Fator esse que fomentou o padrão de consumo dos anos 1920, condição para o crack de Wall Street.
O consumo exacerbado dos anos 1920 favoreceu a emissão de ações por parte da indústria. Nesse momento, havia grande demanda pelos papéis que se valorizavam desenfreadamente através de especulação, mesmo quando as importações europeias estavam diminuindo. A iminente volatilidade das ações foi ignorada pelos acionistas.
crack da bolsa de valores de Nova Iorque foi apenas uma consequência do modelo de mercado completamente liberalista. Foi o evento que deu início à pior crise econômica já vivida pelos EUA.
Os efeitos da quebra da bolsa foram devastadores. A falência em massa gerou ambiente de miséria e desespero. A Grande Depressão.
Por sua vez, o plano econômico New Deal, adotado pelo presidente democrata estadunidense Franklin Delano Roosevelt, implementou medidas anti-crise baseadas na teoria econômica de Keynes. Com um Estado intervencionista, finalmente os EUA saíram, no final da década de 1930, da Grande Depressão.

REFERÊNCIAS

FRIEDEN, Jeffry A. Capitalismo Global: história econômica e política do século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008
PARKER, Selwyn. O Crash de 1929: As lições que ficaram da grande depressão. São Paulo: Globo, 2009.
REZENDE FILHO, Cyro de Barros. História econômica geral. 9º ed. São Paulo: Contexto, 2008.
SCIRICA, Elena. Expansión, crisis y recomposición. Estados Unidos, de los “años locos” al estalido de la crises y el New Deal. In.: MARCAIDA, Elena V (Comp.). Historia económica mundial contemporânea: de la Revolución Industrial a la globalización neoliberal. Vicente López: Dialektik Editora, 2009.

0 comentários:

Postar um comentário